A Distância

O CONTROLO DA DISTÂNCIA é o factor mais importante do jogo do pau, bem como de qualquer outra forma de luta ou combate.

“QUEM CONTROLA A DISTÂNCIA, CONTROLA O COMBATE”, isto é válido para todas as formas de luta ou combate; este tópico é tão importante, que merece uma análise um pouco mais profunda, Senão vejamos:

Em todos os tempos, em todas as guerras, antigas ou modernas, o “Factor Distância”, sempre foi decisivo.

Atentemos às tácticas vitoriosas dos exércitos antigos:

Assírios, Babilónios e Egípcios, com as suas quadrigas e archeiros combatendo à distância; nos antigos  campos de batalha, para cá do alcance das flechas, temos as formações de lanceiros, Persas, Gregos e outros, com as suas enormes lanças, sarissas, de 3 e 4 metros e em todas as infantarias posteriores, os picos estavam sempre lá na frente, procurando sempre ferir os inimigos à distância, como primeira opção; mais tarde temos os Mongóis, com os seus cavalos e flechas, a dominar o mundo; temos depois os arqueiros Ingleses, com o seu “Long bow” a dominar os campos de batalha medievais; mais modernamente temos as armas de fogo, espingardas e canhões, tanto no mar, no ar, como em terra.

Quem tem armas de maior alcance, e consegue guardar a distância, sai invariavelmente vencedor.

Desde a forma como David venceu Golias, à pedrada, ao poder actual dos misseis intercontinentais, tudo se resume ao “CONTROLO DA DISTÂNCIA”, (os outros dois factores decisivos nas guerras ou em conflitos são: o “Poder de fogo”, ou contundência de golpe e a “Blindagem”, ou capacidade defensiva.)

Até nas lutas corpo a corpo, envolvendo “Agarre” ou “Grappling”, para conseguir o derrube, é uma questão de entrada rápida no “espaço”, ou “terreno”, do oponente e conquista de posição favorável relativa dos centros de gravidade, o resto é biomecânica aplicada.

O maior pugilista de todos os tempos, Muhammad Ali, nos seus tempos áureos, de quase intocável, mantinha a Distância, devido à rapidez e alcance do seu jab e à sua capacidade de deslocamento, “jogo de pés”, o que na altura o tornava imbatível; os exemplos são numerosíssimos.

Tudo se resume ao seguinte princípio:

- Tocar sem ser tocado, ou bater sem ser batido, ou contundir sem ser contundido.

Continuando a resumir:

 O Sentido da Distância, manifesta-se pela Saída e Entrada atempada, tem a ver com a automatização dos mecanismos de Percepção-execução, ou seja: “Percepção espaço temporal” e “Velocidade de reacção”, aqui entra em jogo a componente “Agilidade”, que pode ser natural ou adquirida, mas ambas passíveis de ser melhoradas, mediante treino específico.

Como acréscimo, referirei que o CONTROLO DA DISTÂNCIA tem a ver com CONTROLO DO “CONTÍNUO ESPAÇO TEMPO”, desde a luta Greco-romana, até aos misseis intercontinentais, todo o tipo de combate está sob esta lei, embora numa esfera mais elevada, no controlo do “contínuo espaço-tempo”, resida um Grande Mistério, na prática das lutas terrenas, resume-se ao “DESLOCAMENTO” NA MEDIDA CERTA E EM TEMPO OPORTUNO, PARA PERMITIR UM CONTRA-ATAQUE EFICAZ.

Quanto ao nosso Jogo do pau, é essencialmente uma forma eficaz de combate à distância, não só pela técnica aperfeiçoada ao longo de gerações, mas também devido ao comprimento ideal do pau, pela sua pega e movimentação, lhe permitir maior alcance e contundência que as armas mais curtas, e maior rapidez e versatilidade que as armas de haste mais longas, e quando a distância não poder ser mantida, há sempre o recurso ás demolidoras entradas com o lado da pega, o que a meu ver, o torna a arma ideal e mais elementar, para conflito em espaços abertos, em que a táctica principal deve ser: CONTROLAR A DISTÂNCIA.



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